TimeOut Lisboa . Entrevista a Rui Simões
Sim, aquele bairro tem uma cultura própria, enraizada ali durante estes 30 e tal anos de construção clandestina, e que não se pode apagar com uma borracha. Ainda por cima tratando-se de imigrantes de uma ex-colónia portuguesa. De certa forma, é Cabo Verde dentro de Lisboa.
Comecei a ver na imprensa uma grande preocupação, e ainda bem, para este fenómeno da Cova da Moura. Era um sítio altamente conflituoso, com grande visibilidade, misturada com uma certa vontade de arrasar aquilo por interesses imobiliários. De qualquer forma, eu tinha ideia de que o bairro funcionava de forma organizada, que não era propriamente um bairro de barracas. Eu gosto de causas e vi ali mais uma causa a defender. E fui lá ver o que se passava. A pouco e pouco, ao longo de três anos, comecei a familiarizar-me com aquela realidade e a gostar do que estava a ver. E a perceber que as televisões e os jornais não estavam a mostrar o retrato todo. Eu quis ver o lado positivo sem esquecer que o negativo também existia.
Moinho da Juventude
"Éramos umas 80 pessoas que fomos ver o documentário de Rui Simões “a Ilha da Cova da Moura” no dia 28 de Abril na Culturgest. Gostamos muito. Os nossos Parabéns ao Rui Simões! Ele fez o filme com muito respeito pelas pessoas. Foi muito aplaudido pelas pessoas presentes no Grande Auditório. É um documento que fica para a história do bairro. Obrigada Rui! O Director do Festival INDIE notou que “Ilha da Cova da Moura” era o 1º filme positivo do Festival INDIE! O documentário entrará no circuito comercial a partir de 13 de Maio."
C7nema . crítica de João Miranda
Segundo o crítico de arte do portal “C7nema”, João Miranda, o documentário revela as raízes da cultura cabo-verdiana numa “visão diferente sobre este bairro da periferia lisboeta, tão caracterizado pela sua violência nos noticiários”.
“Esta viagem de hora e meia tenta, nas palavras dos moradores, explicar a história e a vivência do dia-a-dia no bairro, revelando uma história de uma comunidade coesa e a cooperação e confiança entre as pessoas, essencialmente mantida e construída na cultura de origem da maioria das pessoas que aí moram, a cabo-verdiana, tão marcada que levou algumas pessoas a descreverem o bairro como a 11ª ilha do arquipélago africano”, analisa Miranda.